quinta-feira, 27 de junho de 2013

G A T I C A

Imagens Google
Inesquecíveis Uma Thurman e Jude Law em GATACA, trama que pretende chegar ao cerne do ser humano num futuro distante onde a excelência da nossa espécie é cobrada de forma inexorável nas monitoradas informações de DNA em seus infinitos GA, TA e CA. Quando a colonização espacial é uma conquista, apenas os dotados de DNA sem qualquer deformação são admitidos na colônia. A Terra cansada abriga os desafortunados que escapam à perfeição, entre eles Uma Thurman vivendo uma personagem com uma condição cardíaca anômala. Lindíssima, com porte de modelo, cabelos loiros e olhos azuis, é quase inacreditável que ali resida um defeito genético. 

Por outro lado, Jude Law é perfeito no que é aparente e no que se esconde em sua genética, o sotaque inglês ainda por cima dando um charme irresistível ao personagem, apurando sua noção de perfeição. Contudo, está preso a uma cadeira de rodas e a um humor corrosivo que mal esconde a frustração pelo paraíso perdido em um acidente. 

A sofisticada beleza deles no ambiente futurista onde tudo é plasticamente atraente, completa um cenário que brinca com nossos desejos. Antes de dormir você relembra as imagens, no dia seguinte você torna a relembrá-las quase com melancolia. Eles compõe o inatingível de ser ou de ter. Essa superioridade física e intelectual dos superseres esbarra em defeitos que não esmorecem nosso desejo. Sua tristeza profunda somente nos faz mais inclinados a amá-los.

Com esse universo em mente concebo a GATICA facilmente, um mundo de gatos espetacularmente belos que pretende chegar à perfeição das raças numa espécie que, a exemplo da humana, carrega em si uma variedade plástica e comportamental bastante vasta.

Imagino que uma possível moral da história em GATACA apontaria para a impossibilidade de separação entre o perfeito e o defeito: o super-humano definha enquanto um homem feioso e míope burla todas as regras e alcança a colônia dos perfeitos. É um tapa na cara do preconceito, da mesma forma que ocorre quando uma gatinha SRD é resgatada de maus tratos e adotada para viver feito princesa em acomodações de luxo que vão desde todas as camas da casa até o quentinho sobre a geladeira, de onde ela observa seus humanos queridos! Essa é a Pérola, por falar nisso.

Já a Glen é uma verdadeira Uma Thurman de beleza exótica. Na minha GATICA essa pequena protagonista também apresentou seus defeitinhos genéticos, porém eles não a impediram de ir ao paraíso. Não fui enganada, ela não nasceu com porte para competição e medalhas, mas com porte para estimação e companhia. O que mais eu poderia querer? É como orgulhosamente a apresento.

GATICA vai se desenrolando em luta de amor e apego, no esforço desse pequeno animal pela aceitação num mundo cheio de regras que esbarram no absurdo.

O ser humano de verdade nunca vai entrar na espaçonave para a colônia dos geneticamente perfeitos. Mas os gatos, esses sim já aterrissaram de mala e cuia no nosso espaço, porque melhores do que a perfeição, eles são como nós. E nós amamos o espelho!

Imagem: Acervo Pessoal




2 Comentários:

Às 29 de junho de 2013 às 18:29 , Blogger LIZLEE disse...

Ei, eu adorei o texto, está envolvente ... Sinto-me instigada a escrever e a ler seus deliciosos textos. Também a ver GATACA. Gostei do trocadilho, que tal batizar o blog com ele?

 
Às 30 de junho de 2013 às 19:41 , Blogger aneforcato disse...

Obrigada, minha amiga! Pode ser! Sem contar que TICA é o nome da federação internacional de gatos ou algo semelhante, um órgão importante no reconhecimento das raças. Esse filme é melancólico, mas muito bonito.

 

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