domingo, 12 de janeiro de 2014

Os bichos e bichanos na Literatura

      Os poetas e os escritores, de modo geral, adoram escrever sobre bichos. Os exemplares mais "elegantes" aos mais asquerosos figuram muitas vezes, com maior destaque que seres humanos.
    Os animais são personagens muito frequentes nos mais diversos gêneros literários. Quem não se lembra de alguma fábula contada por sua mãe, avó ou tia? Trata-se de um gênero muito antigo e popular no qual animais se destacam por assumirem atitudes humanas, a fim de promover uma conscientização moral...
   Dificilmente, ao pensarmos em fábula, não nos venha à mente um nome de sonoridade esquisita, mas que conhecemos desde a infância: Esopo, o escravo que se notabilizou por escrever fábulas e nos deixou uma vasta obra que, apesar de retratar a cultura, os costumes gregos de seu tempo, nos têm muito a ensinar sobre o comportamento humano. 
     O texto que trouxe hoje, é  também sobre comportamento...Uma reflexão do escritor brasileiro Manuel Bandeira sob a forma de poema.
(Elisangela dos Santos Meira)

Pensão familiar
Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.
E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.

Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurant-Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
— É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.

Manuel Bandeira, in Estrela da Vida Inteira, Ed. Nova Fronteira, Brasil http://www.jornaldepoesia.jor.br/manuelbandeira04.html)

1 Comentários:

Às 17 de fevereiro de 2014 às 23:54 , Blogger aneforcato disse...

AMO essa imagem! Desde a primeira vez que li, foi como se visse o gatinho elegantíssimo, com pompas de pequeno lorde inglês. Ah, gatos são sempre assim, uma fineza, mesmo se forem paupérrimos! Há essa elegância certa, essa honradez tantas vezes tida erroneamente como altivez. Gatos não são altivos, quem assim os julga é por, na verdade, não conseguir admitir que nunca viu nada mais bonito, na criação. É desconforto diante da perfeição.

 

Postar um comentário

Com a palavra...

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial